quarta-feira, 21 de agosto de 2013

98) Confortably Numb - Pink Floyd

Vinda num dos álbuns mais pesados, existencialmente falando, do Pink Floyd, o The Wall (1979), e talvez o mais famoso também, essa música é um soco em todos os meus órgãos vitais. Inicia-se com uma pergunta que parece idiota ( "tem alguém aí?"), mas que torna-se a mais difícil de responder. Geralmente, quando olhamos para nós mesmos, não nos encontramos. Sim, não é comum estarmos em nós. Desconhecemo-nos. A todo momento. Fazemos coisas cotidianamente que não faríamos, falamos coisas que não queríamos, vivemos uma vida que não escolhemos. "tem alguém aí?"
Continua com perguntas retumbantes: "pode me mostrar onde dói?" "tem alguém em casa?" "pode se levantar?", ao mesmo tempo em que mostra aquela despedaçada esperança de fim de túnel que, embora tão cliché, só abandona os corajosos suicidas. É nessa esperança que a música ganha sua substancialidade. Estar confortavelmente entorpecido é estar nessa vida comum cotidiana classe-média clássica em que me encontro, e se encontra você que lê isso aqui. Realidade que deixa o entorpecimento algumas vezes e nos faz cair, para nos levantar logo depois, melhores ou piores, mais entorpecidos ou mais realistas. Isso é se tornar adulto? Diria eu num dos trechos extintos da música. Roger e David diriam que sim. Que só extraíram esse excerto da música por pura distração. Isso é ser um adulto comum classe-média hipócrita no hemisfério Sul da América, Lais. Mas "eu posso aliviar sua dor".


2 comentários:

  1. Fez tanto sentido para mim e o meu atual momento que mal posso expressar.
    Ainda bem que você escreveu.

    Te admiro sempre.

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  2. The Wall é fantástico. Vi o filme por volta de 1975, depois revi em vídeo.
    www.jestanislaufilho.blogspot.com.br

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